AINDA HÁ TEMPO

Vai pra reunião se sentindo importante,

paletó asfixiante, engravatado,

não liga pra quem está ao lado.

Muito ocupado em vigiar o mercado, suas ações na bolsa,

não percebe a moça com olhar terno,

que só o vê de gravata e terno.

Você que todos batem à porta,

gravitam em sua volta,

não tem nenhum desvelo,

só interessa o retorno financeiro.

Nega ajuda ao incapaz,

o lucro pulsa e quer sempre mais,

não atende a nenhum pedido,

envolvido demais com seu prazer, sua libido.

Refém do dinheiro no seu núcleo de poder,

não repara em quem o irá amparar,

no seu núcleo principal, seu lar.

Nada vê além da grana,

não quer saber se ela reclama,

se a chama do amor está por um fio,

só lhe interessa o poder vazio.

Vive enjaulado no seu castelo de sonhos,

cercado de bajuladores vis,

que respiram o ar que sai do seu nariz.

Quando seu império cair,

novos habitantes irão construir

lares de areia, tijolo, concreto,

com retidão de caráter, dignidade, afeto.

Quando for pro outro andar,

o que restará do seu reinado é um desenho amarelado.

Mas você ainda pode, não desperdice o tempo;

espalhe amor pelos canteiros, sobrados, esquinas,

não desmorone a vida em ruínas.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 12/07/2020
Código do texto: T7003335
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