Feira

O homem da farinha

Tinha um chapeu imenso

Abas quase mexicanas

E o bigode apurado.

A mulher do queijo

Tinha a voz fininha

Cortando o vento

E o cabelo prateado.

O velho do açougue

Tinha cara de porco

Olhos de porco

Nariz achatado.

A mulher da rapadura

Não tinha nenhuma candura

Sua cara era sofrida

Com um ar assustado.

Na feira tem cheiros

De gente e temperos

De caldo de cana

E de pobre coitado.

Mas as minhas memórias

São de trabalhadores

Com seus carros de boi

E destinos cruzados.

Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 02/05/2021
Código do texto: T7246558
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.