A Cidade Insegura

A cidade, insegura para os inseguros,

Labirinto de medos, sombras e muros.

As ruas riscadas, rabiscadas, escritas,

São histórias de lutas, ganhas e perdidas.

Hieróglifos indecifráveis nas paredes nuas,

Cores que gritam, rompendo a frieza das ruas.

O concreto ganha vida, pulsante, febril,

Enquanto o tempo escorre, lento e sutil.

Pessoas reais caminham, apressadas ou lentas,

Nas calçadas, parques, avenidas contentas.

Mas os mortos são contados na televisão,

Números frios, sem rosto, sem coração.

A vida é pra quem tem coragem de lutar,

Ou pra quem não tem opção, só resta avançar.

E no meio do caos, da dor e da incerteza,

Surgem os amigos, trazendo um pouco de beleza.

Sentam no banco da praça, sob o céu aberto,

Para um dedo de prosa, um riso deserto.

Ali, naquele instante, a cidade parece calma,

E o mundo inseguro ganha um sopro de alma.

Pois mesmo na escuridão, há luz que persiste,

Nos gestos simples, no amor que resiste.

A cidade é dura, mas também é lar,

E nos braços dos amigos, podemos sonhar.