Era da boa

Aprendeu a destilar bebida, quando criança
Como criança aprendeu a beber, socialmente
Socialmente divertia-se bebendo, com os amigos
Aos amigos, em casa, ensinava fazer, cachaça.

Assim passou o tempo e a vida; cresceu
Virou diretor de grande empresa
Viajou o Brasil e o mundo, mas sua cachaça
Fazia, em casa, quando bebia socialmente.

Na confraria só amigos entrava
Apregoava com orgulho, que a cachaça,
A “marvada” que fazia era da boa
Cantava loas, fazia festa à sua cachaça.

Quanto ao mal que o álcool causava
Desconsiderava, ria, debochava, dizia:
Basta comer frutas e verduras, beber água,
Muita água que, do corpo, a cachaça saía.

Foi assim, tão confiante, esnobe
Que aos cinquenta chegou, dele não passou.
Na idade que do vigor físico mais precisou
Ele o tinha estragado, durante sua vida.

Aos cinqüenta e dois anos de idade
Num grande e equipado hospital
Deixou mulher, três lindos filhos e os amigos
Morreu agarrado à sua amiga, cirrose hepática.



Poemas da série sobre saúde, leiam nesta página:

1-- Amante latino (dengue)
2—Apaixonante coração (hipertensão)
3—Vestido para viver (vida saudável)
4—Sou maçã Tu és pêra (obesidade)
5—Não sede otário (sedentarismo)
6- Não encha a Queca (enxaqueca)
7- (Tristes) Variações em DÓ (depressão)
8- As mãos (higiene)
9- Defumados (fumo)
10- Era da boa (álcool)