Filhos do Brasil

No seio deste país,

Sobrevive o ente da agonia,

Da fome que de dor arrepia,

A criança de um Brasil infeliz.

Descalço por entre as calçadas,

A vida ingrata que o destino te quis,

Por teus pais que na obscura inconsciência,

Te conceberam para a indulgência,

A tua existência triste ardis.

Nas ruas que estais a viver,

A selva de pedra da cidade grande,

Os caminhos que te fazem errante,

Na encruzilhada para matar ou morrer.

Por tudo que não tiveste,

O pão que te faltou,

A dor que enrijece,

Teu coração de sofredor.

A tirar a vida de qualquer um,

Por qualquer coisa de pouco valor,

Anoitecer e amanhecer no frio,

Padecer enfermo sem um cobertor.

E hoje todos sabem da razão,

De como nasce a violência,

Que corrompe a inocência,

Das crianças de pés no chão.

A revolta desta chaga,

Que lastima Brasil sem alma,

Não há escola só judiação,

No cotidiano em que se perde a calma,

Pelas injustiças oh grande nação.