Rota inversa
A justiça foi-se embora
Da delegacia
Da promotoria
Do dia-a-dia
E dos vetustos tribunais
De usual justiça
Que são agora
Uma só troca de favores.
Inócuo ou iníquo escambo?
Vê-se a burla dos valores
E uma ascendente inversão
Do raciocínio humano
Da ética e dos conceitos morais
Dos sentimentos nobres:
Espírito, fé, amor.
Divisionando a elite e os pobres
Esta indevassável muralha de ojeriza
Com a impunidade nas adjacências.
Aos planos do Brasil
Aos sonhos dos meninos
Uma indeclinável incongruência.
Imprescinde-se de ver quão magníficas
As imagens nas matérias pagas!
Em circuito nacional.
O Brasil assoma-se n`outra cara
Nos vídeos políticos
E em suas fulgurantes consignas.
Um campo minado de iniqüidades
Estas pragas do poder oriundas
Exaurem o projeto de governo.
A ingovernabilidade que virou moda
Com a impunidade em voga
O coletivo de pseudopatrióticos ideais dizima
O futuro por todos preconizado.
O dolarizado cartapácio de propinas
Traslada o caos à realidade.
Sustentada pelo tráfego de influências a rota inversa
Gera o extermínio, o arquivo, a chacina.
A multidão afadigada, todavia extática
Veste-se de luto nesta rotina.
Cumulativa descrença no judiciário
Conquanto que nas camadas superiores
Da pirâmide social, os denodados senhores
Dispensam desrespeito vultoso
Para com o estrelado lábaro
Para com seus concidadãos
Desta idolatrada (ou idiotizada!!) nação.