Rota inversa

A justiça foi-se embora

Da delegacia

Da promotoria

Do dia-a-dia

E dos vetustos tribunais

De usual justiça

Que são agora

Uma só troca de favores.

Inócuo ou iníquo escambo?

Vê-se a burla dos valores

E uma ascendente inversão

Do raciocínio humano

Da ética e dos conceitos morais

Dos sentimentos nobres:

Espírito, fé, amor.

Divisionando a elite e os pobres

Esta indevassável muralha de ojeriza

Com a impunidade nas adjacências.

Aos planos do Brasil

Aos sonhos dos meninos

Uma indeclinável incongruência.

Imprescinde-se de ver quão magníficas

As imagens nas matérias pagas!

Em circuito nacional.

O Brasil assoma-se n`outra cara

Nos vídeos políticos

E em suas fulgurantes consignas.

Um campo minado de iniqüidades

Estas pragas do poder oriundas

Exaurem o projeto de governo.

A ingovernabilidade que virou moda

Com a impunidade em voga

O coletivo de pseudopatrióticos ideais dizima

O futuro por todos preconizado.

O dolarizado cartapácio de propinas

Traslada o caos à realidade.

Sustentada pelo tráfego de influências a rota inversa

Gera o extermínio, o arquivo, a chacina.

A multidão afadigada, todavia extática

Veste-se de luto nesta rotina.

Cumulativa descrença no judiciário

Conquanto que nas camadas superiores

Da pirâmide social, os denodados senhores

Dispensam desrespeito vultoso

Para com o estrelado lábaro

Para com seus concidadãos

Desta idolatrada (ou idiotizada!!) nação.

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 07/06/2006
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