Cenas de um mundo globalizado

No mundo globalizado

reina o individualismo

capitalismo selvagem

disfarçado de paz...

Um silêncio

de fome

impera

todo santo dia

numa guerra fria

desestruturando

milhões de famílias

e ainda dizem

que há ordem mundial!

Falam tudo

e nada fazem,

de achismo absoluto

resta apenas para os excluídos

pão e água

água e pão

pão e circo

ou nada disso...

Ao deus dará

o povo morre

sem saber

que morre,

do que morre,

a cultura é de morte

e a morte se espalha

pelos lixões

no banquete dos miseráveis

multiplica-se o eco da fome!

Vergonha para um tempo

que se diz avançado,

numa tecnologia que assombraria

o mais frio dos nossos antepassados!

Que vergonha!

Que exemplo hão de deixar esses espertos

disfarçados de inteligentes

para seus descendentes?

Como é possível

meia dúzia de mortais de carne e osso

se passarem por deuses poderosos

e massacrarem milhões de pessoas

inocentes

vítimas

de um sistema

que discrimina,

que espalha veneno no mundo?

Na velocidade da luz

não há como se esconder

do estresse,

das fobias,

do pânico,

do efeito estufa,

do buraco na camada de ozônio,

da fome

e da falta

de solidariedade!

E o homem

que ainda não aprendeu

a silenciar

e a ver-se como ele

realmente é

no espelho da alma,

ainda acredita ser um deus

e acaba morrendo afogado

na areia da praia

da sua própria existência.

Há uma luz acesa no final do túnel:

os espertos disfarçados de inteligentes

têm medo do povo,

por isso é que eles usam tantas estratégias

para enganar, para oprimir, para calar,

para que ninguém consiga pensar...

Mas até quando

a catarse coletiva vai se repetir?

Que vergonha:

às margens da riqueza

estão milhões:

excluídos, miseráveis,

sem casa, sem comida,

catam nos lixões

os vômitos capitalistas

para matar a fome.

Mas até quando...

Até quando... Até quando...

Até quando essas cenas vão se repetir!???

(Poema integrante de um concurso de poesia da Uepb - Universidade Estadual da Paraíba - 2004)

André Filho Guarabira
Enviado por André Filho Guarabira em 24/06/2006
Reeditado em 12/10/2023
Código do texto: T181602
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.