Cascata
Conta-me algo pra rir
E apartar da volátil verdade
Meu bom senso casmurro e magoado
Não vê graça em tanta alegria
Infâmia global, redonda, no pé
Só é filho da Pátria
Quem sabe o que é
A rede embala o sonho
E a felicidade da massa
Embotada em véu risonho
Enquanto lhe troça a desgraça
Minhas rugas de calma euforia
Já não bastam pra ser capitão
O que eu sei quedaria em meu túmulo
Não fosse um ou dois com a mesma essência
Somos poucos, mas somos
E aos poucos levantamos consciências
Somos loucos, mas somamos
Histórias veladas e caladas vitórias
Com o brado engasgado
No peito pronto pra ser desferido
Vemos adultera e finória cascata
Folgar-se debruçante
Sobre tola e bucelária camada
Corremos descalços e livres do claustro
De punhos erguidos e a plenos pulmões
Entoamos canções que nos lavam a alma
Inimigos de fronte atacam a dentadas
Revidamos com amor, parcimônia e cultura
Em defesa dos próprios, que nos cospem na palma