DE TANCREDO A LULA

Quando tudo parecia

A luz da democracia

Com a vitória de Tancredo,

A história mudou o destino

Pôs um tampão interino

Deu uma guinada no enredo.

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Sarney se viu presidente

De um país decadente

Liberto da ditadura...

Convocou constituinte,

Governou com bom requinte,

Deu ênfase a cultura...

Esteve bem preocupado,

Lançou o plano cruzado,

Planos Bresser e Verão...

Nosso poeta tentou

Tudo fez, não se entregou,

Mas perdeu pra inflação.

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Veio então Collor de Melo

Com seu sorriso amarelo

E cativou o país...

Falava em modernidade,

Orgulho e austeridade,

O que o povo sempre quis.

Fez mil privatizações,

Abriu as importações.

Todo mundo enchia a pança!

Mas quando a nação se abriu,

O golpe fatal desferiu:

Surrupiou a poupança.

Logo depois veio a lume

Coisas cheirando a estrume,

Em tramas e falcatruas...

Nos salvaram os estudantes

Com ímpetos inflamantes

E o Colocaram na rua.

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Entra então o velho Itamar

Cheio de fé e vontade...

Tentou governabilidade

Propôs pacto e atitude.

Dizia não ser de blefe,

Lançou o IPMF

Pra resolver a saúde.

Muito privatizou,

Cruzeiro real lançou,

Teve um governo sinistro...

Mas foi feliz em sua agenda,

Ao chamar para a Fazenda

FHC pra ministro.

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FHC toma posse

Numa subida precoce,

Cercado de aventuranças...

Conteve a um só golpe a inflação,

Que agonizava a nação

E aniquilava esperanças.

Homem culto, preparado,

Pelo mundo respeitado,

Foi bem no primeiro mandato...

Mas no fim só fez bobagem,

Cedeu à politicagem,

Comeu e cuspiu no prato.

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Enfim, alguém da labuta,

Cabra macho, bom de luta

Para o Brasil resolver.

Lula entra no planalto

E ocupa o lugar mais alto

É o povo enfim no poder.

Era festa em todo canto,

O fim da dor e do pranto,

O mundo treme de medo!

Bolsa sobe, dollar cai,

Agora o país vai

Dançar conforme o enredo!

Dias passam, entram anos

E por debaixo dos panos

Se alastrava a podridão...

De repente tudo eclode,

O que era contido explode

Surpreendendo a nação.

E o nosso herói nordestino,

Se transformou num menino:

Só diz: “não vi, não sabia”...

E a bordoada foi tanto

Que nem nos causou espanto,

Foi um balde de água fria.

O pior de toda história

É que o povo, sem memória,

Parece que não entendeu.

Os estudantes não agem

Diante da sacanagem

E tudo que sucedeu.

Só Deus pra ter piedade

E não deixar que a maldade

Tome conta do país.

Vamos lutar, reajamos!

Afinal, acreditamos:

Ainda dá pra ser feliz.

Obs. Poesia registrada no CCB

Tião Luz
Enviado por Tião Luz em 16/08/2006
Reeditado em 12/11/2012
Código do texto: T217672
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