COMPULSIVO-INSENSATO

Na translucidez das vitrinas

Me vejo tal e qual vacilante consumidor

Se ele sabe

Desejo que não

Mas no olho desse labirinto de coisas

Onde alienado flutuo

Por entre favos de luz, e farejo

Uma agonia própria; bebo devagar.

De vez em vez balanço a cabeça

Olho de perfil, quase infeliz

Na ambigüidade do ter crédito

Respiro profundamente, apaziguado

Abstenho-me do desejo

Compulsivo insensato, que entresilha

O bolso do minguados trocados.

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 26/09/2006
Reeditado em 27/09/2006
Código do texto: T249837