CURITIBA MEU AMOR
Não sou daqui: estou aqui.
Nas alamedas de pedras, embaixo dos candelabros,
No Museu Sacro da "Igreja da Ordem"
No “Relógio das Flores”,
Que permanece deitado
Na praça do "Cavalo de Ferro".
E o vômito de polenta, pierogui, chucrute e cachaça,
Escorre nas calçadas,
na água fétida e musgosada do chafariz,
no qual banham-se os meninos.
Não sou da periferia,
Dos bairros afastados e pobres.
Sou classe média e boêmio
Mas, freqüento as lajes,
As rodas de fumo, de samba e linguiçadas
Não sou da elite,
Mas freqüento os apartamentos e mansões,
As rodadas de coca, chanpagne e mignon,
Onde se desfrutam das meninas da periferia,
E dos meninos de academia.
Com direito a passeios de iate no litoral.
Torci o tornozelo na "Rua das Flores",
Ali na "Boca Maldita",
Bem juntinho da "Praça Ozório".
Sou cidadão urbano.
Fui assaltado na “Esquina das Marechais”.
Pratico caminhadas no “Parque Bariguí”.
Respiro o ar mal cheiroso do lago.
-O “Jacaré” anda sumido-, talvez de vergonha.
Sentado em um dos bancos da “Boca Maldita”
Sinto o odor dos bueiros,
O cheiro gostoso do Café Damasco,
Ouço o tóc-tóc das sandálias das “Mocinhas da Cidade”.
Saboreio as barriguinhas de fora.
Ninguém é de ferro.
É um privilégio viver
Na “Cidade Ecológica”,
Que já foi "Cidade Universitária”