CURITIBA MEU AMOR

Não sou daqui: estou aqui.

Nas alamedas de pedras, embaixo dos candelabros,

No Museu Sacro da "Igreja da Ordem"

No “Relógio das Flores”,

Que permanece deitado

Na praça do "Cavalo de Ferro".

E o vômito de polenta, pierogui, chucrute e cachaça,

Escorre nas calçadas,

na água fétida e musgosada do chafariz,

no qual banham-se os meninos.

Não sou da periferia,

Dos bairros afastados e pobres.

Sou classe média e boêmio

Mas, freqüento as lajes,

As rodas de fumo, de samba e linguiçadas

Não sou da elite,

Mas freqüento os apartamentos e mansões,

As rodadas de coca, chanpagne e mignon,

Onde se desfrutam das meninas da periferia,

E dos meninos de academia.

Com direito a passeios de iate no litoral.

Torci o tornozelo na "Rua das Flores",

Ali na "Boca Maldita",

Bem juntinho da "Praça Ozório".

Sou cidadão urbano.

Fui assaltado na “Esquina das Marechais”.

Pratico caminhadas no “Parque Bariguí”.

Respiro o ar mal cheiroso do lago.

-O “Jacaré” anda sumido-, talvez de vergonha.

Sentado em um dos bancos da “Boca Maldita”

Sinto o odor dos bueiros,

O cheiro gostoso do Café Damasco,

Ouço o tóc-tóc das sandálias das “Mocinhas da Cidade”.

Saboreio as barriguinhas de fora.

Ninguém é de ferro.

É um privilégio viver

Na “Cidade Ecológica”,

Que já foi "Cidade Universitária”

Humberto Bley Menezes
Enviado por Humberto Bley Menezes em 12/10/2006
Reeditado em 14/10/2006
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