Politíadas
1
Os democratas e os activistas
Que do vinte cinco de Abril emergiram,
Revelaram-se grandes oportunistas
Como nunca antes se viram,
Disfarçados de ideais Socialistas,
Muitos esforços nos pediram,
Mas, eles, de nenhuma regalia abdicaram
No novo país, que tanto proclamaram.
2
E também as tomadas de decisão
Daqueles ministros, que foram governando
O país, nos conduziram à ilusão,
De um crescimento seguro e brando,
Tudo só para nos conquistar o coração,
Afinal, eles, viviam nos enganando.
Prometiam-nos condições de vida,
Só para nos tirarem a riqueza produzida.
3
Fiquem do fascismo e da ditadura
As queixas e todas as acusações,
Recordem-se os crimes da altura,
Resultantes das inúmeras perseguições,
Quase sempre com fins de tortura,
Cometida no interior de sinistras prisões.
Uma nova ordem se tenta impor
Com esperança numa vida melhor.
4
Eu tentarei não deixar esquecido
O oportunismo por muitos demonstrado,
E, se tal for por mim conseguido,
Esse oportunismo será aqui cantado,
Para que este nobre povo, destemido,
Se sinta nestes versos representado.
Para que Abril signifique mudança,
Neste país que recua mais do que avança.
5
Que se achegue a mim, a lucidez,
Sem a aureola do desejo de vingança,
Para que possa denunciar, de vez,
Toda a teia construída nessa andança
A que muito deram ao Abril, que se fez
Para devolver ao povo a confiança.
Quero que, este, seja um grito de revolta,
Num novo abrir de uma nova porta.
6
Invocarei, se caso disso for necessidade,
O espírito dos nossos antepassados
Que deram a vida em prol da liberdade,
Mesmo quando muitos os tinham por derrotados,
Unindo gentes de toda a idade,
Que num só objectivo se viram congregados.
Mostrando a Deus e ao mundo
Que a sua vontade podia vencer tudo.
Continua…
Francis Raposo Ferreira