***Meninos do Rio***

Rua de paralelos.

Vida paradoxo.

Lágrimas na janela, dia choroso,

noticiário escandaloso,

Rio caudaloso, comércio fechado por ordem do tráfico.

LUTO!

E a luta é árdua,

o carro derrapa na estrada,

derruba o poste, no rosto um corte.

Alma nua, sede de lua, violência em fartura,

Garganta engasgada, regras violadas.

Meninas abusadas, juventude amarrotada, puída.

Rua de paralelos,

Esquina cocaína.

Carros piscam faróis, pedem passagem...

Pedágio, licença, sabotagem.

Choram quatro famílias.

Meninos mortos,

Meninos bandidos,

Meninos meninos,

Meninos perdidos.

Bala perdida, bala achada,

Maconha embalada embala a criança que usa trança,

Que cai na dança,

Que canta a canção errada.

Vida paradoxo,

Estrada paralela,

Noticiário escandaloso,

No rosto sorriso amarelo.

Quatro jovens enterrados,

Tantos condenados ao mesmo destino.

Meninos do tráfico,

Meninos bandidos,

Meninos sem pátria...

Meninos do Rio.

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Escrevi esse texto há um tempo atrás, quando quatro menores que fugiam em um carro roubado, foram alvejados pela polícia e perderam a direção do mesmo, que chocou-se contras um poste num bairro do Rio de Janeiro. Nenhum deles sobreviveu. É realmente lamentável a situação desses jovens e de suas famílias. Que país é esse?

Laura Duque
Enviado por Laura Duque em 25/07/2011
Reeditado em 25/07/2011
Código do texto: T3117833