Ao Pinheirinho
Wilson Correia
O tempo é o de se pensar
no direito de propriedade e
na propriedade do direito.
Medir os poderes tiranos
e as tiranias do poder.
Onde o povo soberano?
Que soberania é essa, que
eu não consigo reconhecer?
Agora o Céu está morto e
a Terra é um túmulo vazio.
À nossa frente espreita-nos
o inferno, de portais abertos,
obra de todo “bom” que fechou
o bico e de cada sujeito mal
e competente em fazer doer.
Como é? Que outro caminho
me queres, que não o de me
marcar olho, me embrutecer?
Quando os homens chegarem
a bom companheirismo, talvez
valha pena cantar outra canção.
Agora morre o Céu e a Terra se
esvai sob nossa crua maldade.
Sobre nós se abate a desgraça
dos poderes do direito e a insana
bárbarie do poder da propriedade.
Só o inferno permanece aberto.
Quando o humano se reconhecerá
no humano, vendo nele a nossa
humanidade inteira, em nutritiva
relação companheira, respeito
são e construtiva alteridade?