Cidade

Tempo invadido

tomado de assalto

Polícia ou bandido?

Mãos ao alto!

Mãos ao alto!

Mas tempo não pára

Nem pede passagem

Pior! Relógio movido

à politicagem.

Sábios os loucos

Nas ruas, nos bares

O troto, o trocado

Puta, truco,

biliares.

De cima a fumaça

Ofuscando lares -

Das senhoras fábricas,

não a dos rapazes!

Pois estes, sorrindo

às moças nas praças

Divertem-se o quanto -

mocidade passa!

Comércios, Correios,

Calçadas, calmantes

De dia bagaços

Na noite,

diamantes.

Ninguém sabe

Ninguém conta

- pássaros não falam -

Os meninos trabalham

Os patrões descontam.

Jardins acinzentados

Vias públicas choram

Via de regra agora,

os bueiros

imploram:

Amaldiçoados! -

O lixo transeunte

Eis que chora enchente

Vomita chorume, e

chove carbono

nos ombros

frequente.

Noite amarelada

Após dia escuro

Virado hoje li

Teus recados

no muro.

Amores perdidos

Encontros e morte

Entre um gole e outro

caem os menos

fortes

Aqui nunca pára

Ninguém, nada pára

nem a ditadura

Na rua -

Armada!

Nem mesmo semáforos

Pedágios na esquina

Chapéus rente às coxas

Mendigos e impostos.

Expostos nos quadros

os seus mais votados

Tão engravatados -

Sufocam seus fados?

Se dizem os donos -

nossos funcionários!

Tempo invadido

Corrido, escarrado

E hoje, na cidade,

Há vagas pra

finados.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 11/04/2012
Reeditado em 11/04/2012
Código do texto: T3607014
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.