Fome

Um passo sôfrego pelas ruas da cidade

O cansaço bate e o estômago dói;

É a fome que há dias o corrói

Será esse o preço da liberdade?

Senta-se na calçada e estende a mão

Mas existe fome por dinheiro também

E assim não há ninguém

Que lhe dê um pedaço de pão.

E a mão raquítica

Recolhe-se para junto do esqueleto

Adormeceu o sono da fome crítica

Mas era um ser obsoleto.

A fome voltou novamente

O que iria fazer?

Não queria roubar e dormiu serenamente

Certamente iria morrer.

Uma rodinha à sua volta pela manhã

Não comeu, não bebeu, só dormiu

A fome o consumiu

E não mais viu o amanhã.

Por que piedade se não há ação?

Só palavras não matam a fome

Falta amor no coração

E há a ganância que ao homem consome.

Cícero – 08-10-93)

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 12/09/2012
Código do texto: T3877993
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