Fome
Um passo sôfrego pelas ruas da cidade
O cansaço bate e o estômago dói;
É a fome que há dias o corrói
Será esse o preço da liberdade?
Senta-se na calçada e estende a mão
Mas existe fome por dinheiro também
E assim não há ninguém
Que lhe dê um pedaço de pão.
E a mão raquítica
Recolhe-se para junto do esqueleto
Adormeceu o sono da fome crítica
Mas era um ser obsoleto.
A fome voltou novamente
O que iria fazer?
Não queria roubar e dormiu serenamente
Certamente iria morrer.
Uma rodinha à sua volta pela manhã
Não comeu, não bebeu, só dormiu
A fome o consumiu
E não mais viu o amanhã.
Por que piedade se não há ação?
Só palavras não matam a fome
Falta amor no coração
E há a ganância que ao homem consome.
Cícero – 08-10-93)