Gostavas de ser diferente?

Se tu fosses diferente

Do Homem que és agora

Verias, crendo somente,

Já que atento e consciente,

Que quando a alma acorda

Da dor, eterna cadeia,

O nosso olhar se alteia

Vendo mais à nossa volta

Tanta coisa ora alheia:

Que adormecida paira!

Que tudo o que se cria

Não morre mas se transforma!

Que onde estiver Deus cuida

Atento, da sua obra!

Que é dentro do sofrimento

Que a consciência acorda!

Que o amor que se semeia

Há-de reflorir ainda!

Se tu fosses diferente

Quem sabe alguém veria

Que é na palavra fluente

Do que ousa pensar diferente

Que a mudança principia!

Lisboa, 22/6/2002