Diário de um Sem-Abrigo

Diário de um Sem-Abrigo

Por entre as efémeras fumaças

de um cigarro amarelecido,

jazente e apático

entre os dedos de um ninguém,

uma manhã sem história...

Esvai–se o sonho, desejos de vida

que no chão cai, em cinzas sucumbida.

No reacender da perdida borralha,

queimam-se magoas de uma vida canalha!

O Dia avança,

sem esperança…

E a Tarde demora,

esperando a Noite

que não chega…

Escondem-se lágrimas,

por entre o encrespado rosto

desse alguém sem memórias,

e no disfarce da penumbra emergente

só o rubro moribundo

da ponta do cigarro,

identifica a presença de uma Vida,

lá ao fundo!!

Solidão, abandono,

Chão, noites sem sono…

o que sobra do seu Mundo!!