Uma voz no meio do deserto clama por água

Uma voz no meio do deserto

Clama por água:

Água

Um gole d’água

Pra matar a sede

A garganta implora

Um pingo de água

Já bastaria...

Mas água já não há

O que fazer?

Nada a fazer

Tudo a lamentar

Maldita herança

De um tempo passado

Tão próximo...

Águaguerra

Água barrenta

Água salobra

Água milagrosa

A fórmula da vida

A resistência da vida

Se fez só (l)...

Era uma vez

Água doce

Água de beber

Pobres criaturas

Racionaisirracionais

Que não tomaram juízo

Que não escutaram o clamor

Dos profetas

E poluíram tudo

Rios, mares, ar

Não souberam dar valor

A si mesmos

Nem tiveram respeito

Pelos seus descendentes

Só pensaram

No avanço da ciência,

No alvorecer da tecnologia,

No disseminar de sistemas injustos,

No culto do egoísmo,

Na fama, do prazer de ter cada vez mais,

No deus da ganância, da prata e do ouro,

Pobres deuses de carne e osso

Tão frágeis e tão mortais,

Deles não restam mais cinzas,

Mas restam ruínas

E uma herança maldita:

Passaram pela Terra como gafanhotos

Destruindo tudo

Tudo destruíram

Destruíram tudo...

Água

Um gole d’água

Pra matar a sede

A garganta implora

Um pingo de água

Já bastaria...

A sede mata,

Mata,

Ata,

Ta

a...

André Filho Guarabira
Enviado por André Filho Guarabira em 04/05/2007
Reeditado em 12/10/2023
Código do texto: T475338
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