Uma voz no meio do deserto clama por água
Uma voz no meio do deserto
Clama por água:
Água
Um gole d’água
Pra matar a sede
A garganta implora
Um pingo de água
Já bastaria...
Mas água já não há
O que fazer?
Nada a fazer
Tudo a lamentar
Maldita herança
De um tempo passado
Tão próximo...
Águaguerra
Água barrenta
Água salobra
Água milagrosa
A fórmula da vida
A resistência da vida
Se fez só (l)...
Era uma vez
Água doce
Água de beber
Pobres criaturas
Racionaisirracionais
Que não tomaram juízo
Que não escutaram o clamor
Dos profetas
E poluíram tudo
Rios, mares, ar
Não souberam dar valor
A si mesmos
Nem tiveram respeito
Pelos seus descendentes
Só pensaram
No avanço da ciência,
No alvorecer da tecnologia,
No disseminar de sistemas injustos,
No culto do egoísmo,
Na fama, do prazer de ter cada vez mais,
No deus da ganância, da prata e do ouro,
Pobres deuses de carne e osso
Tão frágeis e tão mortais,
Deles não restam mais cinzas,
Mas restam ruínas
E uma herança maldita:
Passaram pela Terra como gafanhotos
Destruindo tudo
Tudo destruíram
Destruíram tudo...
Água
Um gole d’água
Pra matar a sede
A garganta implora
Um pingo de água
Já bastaria...
A sede mata,
Mata,
Ata,
Ta
a...