Narcisos

Vocês são lindos

E de dar dó

E eu, feiura

Voltando ao pó

Inteligentes

E geniais

Superam os deuses

Celestiais

Aqui na Terra

Sem sol, sem cor

Vou ao buraco

Vou ao torpor

Ignorância

Me satisfaz

Pois não sei nada

Não sou capaz

Vocês são tudo

Sou um ninguém

Não tenho imagem

Não vivo bem

E vocês brilham

Voam ao céu

E eu na Terra

E eu ao léu

Cavoco mais

Verme maldito

Aqui na Terra

Eu admito

Estou cansado

De tanto mito

De tanta cena

De tanto grito

De tanta estátua

Que eu evito

De tantos seres

Com quem habito

De tantas almas

De tanto atrito

Da perfeição

Que tanto cito

Só em palavras

O erudito

Só em imagens

O contradito

Chego enfim

Ao veredito

E o culpado

É o infinito

E o culpado

É a quem fito

Junto ao espelho

Eu me limito

Cale a boca!

E tenho dito.

Leandro Francisco de Paula
Enviado por Leandro Francisco de Paula em 02/07/2014
Código do texto: T4866507
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