Calem a boca dos grilos

Se o mundo soubesse do quanto te procurei

Talvez entenderia o que sequer tenho ânimo de explicar

Eu tenho sono, todos cobram respostas delimitadas

Há uma lógica mundana muito simples

Para mim é lixo intelectual, tão complexo que me angustia

É diferente o decifrar do código da vida que faço

Da interpretação inócua que fazem no dia-a-dia

Eu poderia falar sobre amor, metáforas,

Dizer que acredito em certas coisas que não são "crenças"

Ah, é tão fácil ser taxado de louco pelo inconsciente coletivo

Ser uma peça fora do quebra cabeça que monta uma sociedade

Cujo sorriso é um espectro determinado pela colocação de cada peça

Eu vou além, e se fujo desse sintagma é porque aprendi a sonhar

Eu sonho todo dia e não acredito que se sonha apenas a noite

Por isso eu nunca direi que te procurei tanto

Livrem-me do infortúnio de calar a boca que funciona como moinhos d'água

Eu só preciso do meu pensamento solitário

Afinal, para mim, todos existem senão em mim, certo?

Já basta o esforço de ter de explicar para mim que eu te procurei tanto

Sem saber por quê, pra quê, pra como, pra quando...

Mar de Oliveira Campos
Enviado por Mar de Oliveira Campos em 02/10/2005
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