Panelas mudas, vergonha desnuda
Calaram-se as panelas que outrora
Encheram e ensurdeceram as ruas contra a corrupção.
Envergonham-se talvez agora
Por reconhecerem-se marionetes da manipulação.
As avenidas, antes enfeitadas de fantoches amarelo-canário,
Multicolorem-se na cotidiana necessidade
O clamor, falso e hipócrita, não resistiu à fragilidade do cenário
E calou-se ante as provas da imbecilidade.
Percebe-se dia a dia a inequívoca farsa
Midiática, política e econômica para o poder usurpar
Está nitidamente na cara a grande trapaça
Cujo único objetivo é a base da pirâmide esmagar.
Enquanto a saúde, educação e segurança são rasgadas
A escravidão recomeça tendo como senhor a política corrupta
E as panelas continuam simplesmente caladas
Com o judiciário vendido cerceando as formas de digna luta.
O que esquecem esses torpes ditadores da democracia
É que o meio e o alto abaixo traz a base quebrada
E com todos no mesmo nível inverte-se a social antropofagia
Saciando a fome de quem antes era a classe devorada.
Cícero – 05-03-2017