Convocação á pedra

O rio ainda segue o curso

No vazio a voz reverbera

Persiste a pulsar o pulso

Pois a flor continua pedra

O agora permanece amargo

Em demasiada e exaustiva espera

O transitório é permanente estrago

Botas ameaçam pisar a terra

Velhas bocas querem calar o gesto

Silenciar palavras

Mas do peito desencasula a larva

Em um grito manifesto

Borboletas de sangue

Tingindo um novo amanhecer

O pólen, a flor e o tanque

Coragem dos que tem no lutar um já vencer

O suor que umedece o chão

É João

As mãos que colhem os pés

São Josés

Pagos com mínimo tostão

Como todo Barnabé

No entanto, esta terra que pouco a pouco nossos corpos sorve

Como substrato, não apenas parte, mas também essência

Há de ver toda esta massa se levantar em resistência

Então seremos todos Mário Jorge

* Homenagem ao poeta aracajuano Mário Jorge, morto em 1973 aos 26 anos em um acidente de carro.