Sem saber (Esse saber)

Não sei mais

Nem quero saber

Saberes que nem tenho

Saberes que nem quero ter

Não quero ter o que é maldado

Maldades não me venham, não quero saber

Saber do mal encarnado em vampiros

Que cravam seus dentes e sugam saber

Não quero o que é cuspido, o que é resto

Para isso não presto, nem tenho porquê

Lanhados os livros, os códigos, os quadros

Lanhadas as mentes

Do pouco aprendido, do pouco doado

Lanhados os filhos, os pais, os avós

Saberes tolhidos, ao meio partidos

Lanhados os corpos, lanhada a voz

Disso eu não quero

E nem sei mais se quero qualquer solução

Que diga que é pouco o pouco que temos

Mas é desse pouco a nossa ração

Não temos razão de querer

Nem mais um pouco

Do que que já foi dado façamos a nossa refeição

E é desse saber, mal doado, digerido

Que eu não quero, nem preciso saber

Desse eu não como nem bebo

Prefiro a mente vazia

De meus próprios medos

Não sei mais

Nem quero saber

Vazio me ponho na estrada

Não sei mais

E desse saber maldito que é dado

Não quero nem preciso aprender

Poesia sobre a desconstrução do saber que assola o País. Num tempo de formação de mão escrava, cativa pela miséria, promoviida pelos Ministérios do Trabalho e da Educação.