Somos todos Moçambique?

Quando o sangue derramado,

As mortes e as lágrimas

As crianças mortas

O choro e os gritos de dor

Advém da branca cútis

dos olhos claros

Do alto da pirâmide

Do status quo caucasiano

A comoção é geral

Das redes sociais

Mudam as fotos

No desperdício de cores

Das bandeiras alheias

Estampando a caridade eurocêntrica

Nórdica e temperada

Quando os corpos incontáveis

São pretos e pobres

Das pessoas do

País atingido pela fome

Da carne mais barata

Ou do mercado impiedoso

Da mãe África abandonada

Anverso parisiense

Moçambique alagado

Em barro e lama

Abrindo uma lacuna conspícua

Do racismo e preconceito

Vemos poucos

Contado nos dedos

Compartilhando lamentos

Dizendo, embora que talvez por fora

Somos todos.