NÃO SE CALA A VOZ DO HOMEM JUSTO

Não se cala a voz do homem justo na eira do tempo.

Testemunhas somos de uma história

difícil de ser contada sem lágrimas

a nos turvar os olhos e a nos entrecortar a fala.

Momentos houve em que pensamos grande.

Depois, o jugo dos homens indignos veio

nos apequenar e trazer o susto

para o lugar da esperança.

Muitos homens de ego e vaidade no brilho dos anéis

fizeram a festa, lançaram iscas.

Semeou-se a mentira, a cizânia e o medo.

Irmão contra irmão feito barcos se fazendo distantes

inda que estivessem remando no mesmo mar.

Mas o moinho da história haverá de triturar a mentira,

depurar o ódio e removerá a trave dos olhos cegos.

Por trás da casca da injustiça há um leve traço,

um brilho hoje opaco, embaçado, tênue, feito cinzas

que serão varridas pelo vento.

E surgirão as brasas que se acenderão em brilho de mil sóis.

Faróis da justiça jamais se apagam.

E enxergaremos através do escuro e do sombrio ,

olharemos para o passado distante – hoje tão presente -

com a certeza de que ele não mais nos assustará.

Muitos dias, nem sei quantos, talvez sejam necessários.

Um século, não importa.

Pois não silencia a voz do homem justo

na eira do tempo.

E no sopro do breve tempo, porém infinito,

este grito ecoará.

Curvar a cerviz, jamais!

José de Castro
Enviado por José de Castro em 01/05/2019
Código do texto: T6637035
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