Dos quandos...

Dos quandos

E quando falei das outras injustiças..

ninguém ouviu…

Das fomes em desertos áridos

Das meninas casadoiras e impúberes,..

e dos velhos e nojentos

comprando seus hímenes

e suas desgraças sem véus…

Ninguém me ouviu…

E banhos de cadáveres aconteceram.

Gritei meu grito…

Ninguém me ouviu..

E chorei… Cada irmãzinha vendida, dada, trocada!

De que adianta meu choro?

Se quem me sorri emite o seu escárnio.

Pois não há dignidade perante a força dos que mandam…

Não há vergonha..

nem comoção...mesmo ante a curra,

A desonra, os preceitos...

Tudo é nada…

Tudo é em vão...

Meu grito não soa.

Perde-se na imensidão de cavados vãos…

Gritei a fome de cada irmão.

Pedi ao Deus… Compaixão…

Que se tenha o cão de estimação..

Que se de a ele ovas… ovas...

Mas.. que se zele nosso semelhante e irmão…

Só que ninguém escutou, ninguém me ouviu…

E de lá pra cá..

De tanto ver a faca cortar..

Eu me chamo solidão…

Quem sabe até me acostume…

com os conceitos do mundo.

Mas, por enquanto....

Dorothy Carvalho

Dorothy Carvalho
Enviado por Dorothy Carvalho em 15/06/2019
Reeditado em 23/05/2021
Código do texto: T6673786
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