MIGRANTE
Lentos passos que agonizam.
No calor da noite um silvo.
Alguém nasce e alguém morre...
A aurora chegará, mesmo que demore,
E a luz se fará com um novo dia...
Igual a tantos outros.
Só, o caminhante olha os frios edifícios,
A cidade inerte, as ruas desertas.
Este grande brinquedo armado pelo homem.
A imponência, a soberbia e a grandeza.
"Tudo ruim! Povo sem amor!", medita
Com revolta o fatigado caminhante.
Disseram-lhe que a cidade grande era acolhedora..
Lá ele venceria, quem sabe ficaria rico?
"Mentirosos!" pensa com rancor o solitário passageiro,
sem nome, sem terra, sem lar e sem amor!
Quisera voltar à sua casinha na roça.
O seu rancho acolhedor..
Aquele seu mundo que agora parece perfeito.
Tudo tão distante...
Andando pela noite, sem rumo,
de mãos vazias e sem ideal,
ele que veio do campo
para este mundo estranho ao seu,
chora e se sente como um homem sem pátria!