MIGRANTE

Lentos passos que agonizam.

No calor da noite um silvo.

Alguém nasce e alguém morre...

A aurora chegará, mesmo que demore,

E a luz se fará com um novo dia...

Igual a tantos outros.

Só, o caminhante olha os frios edifícios,

A cidade inerte, as ruas desertas.

Este grande brinquedo armado pelo homem.

A imponência, a soberbia e a grandeza.

"Tudo ruim! Povo sem amor!", medita

Com revolta o fatigado caminhante.

Disseram-lhe que a cidade grande era acolhedora..

Lá ele venceria, quem sabe ficaria rico?

"Mentirosos!" pensa com rancor o solitário passageiro,

sem nome, sem terra, sem lar e sem amor!

Quisera voltar à sua casinha na roça.

O seu rancho acolhedor..

Aquele seu mundo que agora parece perfeito.

Tudo tão distante...

Andando pela noite, sem rumo,

de mãos vazias e sem ideal,

ele que veio do campo

para este mundo estranho ao seu,

chora e se sente como um homem sem pátria!

Lumar
Enviado por Lumar em 07/11/2005
Código do texto: T68438