Elas, as eternas

Marias, Anas, Joanas, Patrícias, Helenas

a calmaria é a gana de carícias serenas

guardas, ó flor da noite, os mistérios do mundo

expande o teu deserto e guarde nele o sopro da vida

Fêmea, feminina, inquieta menina

fera, madame, selvagem dama

Lolita, malvista, o destino carrasco

exigiu que a ti, só te apraz a cama

sagaz e guerreira, submissa e prisioneira,

esquisita, esquecida, enlouqueça a parteira

comporte-se como seu marido lhe ensinou

e não culpe a história que te subestimou

os ventos mudaram, as águas desviaram

ó mulher de sangue fértil, luz do dia,

a ti não cabe mais a roupa da castidade

vista-se de novo, com as cores que quiseres

mãe carinhosa, professora, doutora engenhosa

viva agora tudo aquilo que sonhavas,

enquanto te estupravam, te coziam, te matavam

nade contra a correnteza, conheça a sua ilha e reconheça sua lida

Seu legado não é apenas o filho que deixas,

Ó, senhora, seu jardim é o mundo inteiro

Já não permita que toquem suas madeixas,

antes de tocarem o fundo de sua alma primeiro

Conto os dedos que as fábricas te tiraram

vejo as marcas escondidas dos bordéus amaldiçoados

em seu olhar, enxergo o reflexo de outra batalhadora,

nosso coração, colega, pulsa ao som das marcas eternas

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 08/03/2020
Reeditado em 30/10/2021
Código do texto: T6883139
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