Elas, as eternas
Marias, Anas, Joanas, Patrícias, Helenas
a calmaria é a gana de carícias serenas
guardas, ó flor da noite, os mistérios do mundo
expande o teu deserto e guarde nele o sopro da vida
Fêmea, feminina, inquieta menina
fera, madame, selvagem dama
Lolita, malvista, o destino carrasco
exigiu que a ti, só te apraz a cama
sagaz e guerreira, submissa e prisioneira,
esquisita, esquecida, enlouqueça a parteira
comporte-se como seu marido lhe ensinou
e não culpe a história que te subestimou
os ventos mudaram, as águas desviaram
ó mulher de sangue fértil, luz do dia,
a ti não cabe mais a roupa da castidade
vista-se de novo, com as cores que quiseres
mãe carinhosa, professora, doutora engenhosa
viva agora tudo aquilo que sonhavas,
enquanto te estupravam, te coziam, te matavam
nade contra a correnteza, conheça a sua ilha e reconheça sua lida
Seu legado não é apenas o filho que deixas,
Ó, senhora, seu jardim é o mundo inteiro
Já não permita que toquem suas madeixas,
antes de tocarem o fundo de sua alma primeiro
Conto os dedos que as fábricas te tiraram
vejo as marcas escondidas dos bordéus amaldiçoados
em seu olhar, enxergo o reflexo de outra batalhadora,
nosso coração, colega, pulsa ao som das marcas eternas