O espelho da crueldade

As ruas falam em silêncio

Em cada esquina

Um olhar, um rosto, um corpo, um soluço.

Crianças, jovens, filhos e irmãos

Onde tu estás, cidadão?

Deixe eu aqui... com este espelho...

E com ele vejo um filme

Que não é ficção

É realidade das ruas, dos becos e guetos

Você não se importa com isso, meu “irmão”?

Fecho uma porta Abro a janela

E o reflexo do espelho é o mesmo

Se repete todos os dias

A quem pedir ajudar, cidadão?

A crueldade invadiu a cidade

A crueldade da desigualdade

Como são cruéis as palavras,

Os gestos, os estalos, os silêncios!

Como é cruel, você, cidadão, que deveria proteger, gritar, lutar!

O espelho é o mesmo

Todos os dias revela as dores

Da desigualdade racial

É um reflexo cruel, cidadão,

E sei que nesse espelho cruel

Poucos se salvam da morte da alma

Poucos não são reflexos do espelho

Da crueldade humana

E quem mudará tudo isso, cidadão?