Há os fornecedores e os consumidores
Há os empregados e os empregadores
Há os explorados e os exploradores

Há os cativos e os alforriados
Há os que vão e os que são levados
Há os que querem e os desencorajados

Há os que expandem e os que contraem
Há os que projetam e os que constroem
Há os que pedem e os que subtraem

Há os profissionais e os entusiastas
Há coisas novas e coisas gastas
Há os concílios e as castas

Há os que sabem e os influenciadores
Há os alter egos e os seus criadores
Há os de paixões e os de amores

Há os romancistas e os fantasistas
Há os poetas e os quadrinistas
Há os contistas e os cronistas

Há os capistas e os ilustradores
Há os críticos e os revisores
Há os livreiros e os editores

Há os desenhistas e os pintores
Há os galeristas e os curadores
Há os mágicos e os impostores

Há os atores e os que dublam
Há os músicos e os que arranjam
Há os compositores e os que interpretam

Há os esportistas e os amadores
Há os que perdem e os vencedores
Há os que trapaceiam e os conquistadores

Há os realizados e os frustrados
Há os sortudos e os esforçados
Há os ambiciosos e os resignados

Há os hipócritas e os confiáveis
Há os infames e os razoáveis
Há os pecadores e os perdoáveis

Há os santos e os blasfemos
Há os de fé e os agourentos
Há os profetas e os fraudulentos

Há os amorosos e os rancorosos
Há os impulsivos e os cautelosos
Há os minguados e os caudalosos

Há os que agem e os que esperam
Há os que louvam e os que lamentam
Há os que reúnem e os que dispersam

Há os que vendem e os que se vendem
Há os que erguem e os que ferem
Há os que atraem e os que traem

Há os que se iludem e os que se dopam
Há os que dormem e os que sonham
Há os que vivem e os que sepultam

Há os fleumáticos e os coléricos
Há os convictos e os hipotéticos
Há os tímidos e os patéticos

Há os que foram e os que ainda serão
Há os que são e os que acham que são
Há os que nunca foram e os que nunca serão

As prateleiras humanas estão
despidas de humanidade,
dispostas em castas

Soberbas e vulgares,
animalescas e banais,
sanguinolentas e antropofágicas

Não há inocentes!
Jefferson Lima
Enviado por Jefferson Lima em 29/03/2020
Reeditado em 28/02/2021
Código do texto: T6900328
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