POESIA PENAL

Você que escreve sobre verdades,

já sentiu que ao andar na cidade,

uma pessoa poderia ter lido seu texto?

E que queira puxar assunto sobre o contexto?

Ficou eufórico pela opinião instantânea.

Eu não.

Eu temo!

pois vivo a ansiedade de quem leu os meus textos queira me silenciar,

queira me matar.

Não temo as amigas e amigos,

que sempre andam comigo,

Se eu encontrar, será uma alegria colossal.

Meu medo,

É que um "cidadão de bem" me leia,

venha me atacar com suas asneiras,

Interpretação de texto deles me provoca tonteira,

Uma ânsia estomacal.

Meu medo,

É um policial interessado em literatura.

Num desses baculas de rua.

já ocorreu de um perguntar:

"Que folhas são essas no seu bolso?!"

E eu digerir as palavras

para não apanhar,

o desejo era de ironizar,

dizer que

"trafico palavras, senhor."

Mas só falei que eram rimas,

ele olha para mim

e solta a ironia:

"Coisa de lombreiro mesmo"

O cinismos dele não tardia,

Continuou e me obrigou a recitar as folhas que eu tinha.

A poesia ainda não estava pronta,

falava de uma pessoa,

que bebia e chorava na má fama.

Ao terminar de ler,

ele foi embora,

eu fiquei ali,

A noite ainda estava posta.

Curei a lacuna com várias doses de vodka.

A coluna estava doendo,

Mas a cada dose de veneno,

A dor corpórea da lugar a desilusão.

No meio da multidão fiquei encabulado,

Foi quando um amigo que bebia ao lado,

Falou sorrindo que talvez o policial vá me chamar para um recital,

na cadeia a palavra é distração total,

Já pensou ser poeta,

E recitar no sistema prisional?!

Urbano Leafa O despoeta
Enviado por Urbano Leafa O despoeta em 09/06/2020
Código do texto: T6972767
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.