O Poeta Pobre.

O poeta pobre é preto.

Mameluco militante

Vive, morre, sai do berço

Segue a vida sem instante.

O poeta pobre é preto

beiço, porta, porta casa

Casa morre, nasce outro

Outro nasce e não percebe

O poeta pobre é branco

Belo albino em desamparo

É cronista sobre nada

Pois assim segue sem pranto

O poeta pobre é feio

Vê novela em vela e freio

Carro, trem da madrugada

Não vê sol, só vê estrada.

O poeta pobre é fino

Fino gordo, prata passo

Poesias são de aço

Brás ou 23 de março.