Recanto das Letras

Se me arrumo num exíguo espaço,

Se volto a cantar minha alegria,

Logo que um gesto ou um som faço,

Sou cercado pelo mundo em folia...

Se reescrevo a melódica magia

Que trouxe dos sonhos de criança,

À minha volta, nua, crua e fria,

Num ápice a inveja canta e dança...

Se me revolto, rompendo a aliança

Com o silêncio a que me recolho

Tomando as letras que não têm mãe...

Sobre meu recanto a solidão avança

E na refrega acesa, quando olho,

Esbracejo sozinho, sem ninguém !...

António Torre da Guia
Enviado por António Torre da Guia em 28/11/2005
Reeditado em 01/12/2005
Código do texto: T77362