A Tramação

Um dia de irmandade é muito pouco

Pra matar a fome à pobre criatura

Que todo o ano vê nas mãos de um louco

A casa, a porta, a chave, a fechadura...

Há quanto tempo se impõe a escravatura

Do privilégio sobre o cidadão

Que trabalha, sua, esmirra a ossatura

E sobrevive em permanente aflição?...

Que gente é essa que à exaustão

Se exibe em descaro persitente

Em nome de Deus nos dias de Natal?...

A resposta segue em crua sucessão

Na absurda exploração inclemente

Que alastra pelo mundo em vendaval...

António Torre da Guia
Enviado por António Torre da Guia em 28/11/2005
Código do texto: T77367