Um Grito Mudo

de repente me perguntei

por que não fugi pro outro lado do mundo?

batalho o meu equilíbrio na tela do computador

e finjo de vez em quando que sou o meu amante

só mente e espírito! e cadê a carne? congelaram...

mas não congelaram o meu sorriso em minha boca

e minha boca é carne! meus cílios... meu dente postiço...

minha excitação... minha ereção... meu grito...

meu sexo por todo o meu corpo e minha amante

uma mulher que por acaso nasceu assim bonita

menina bonita, pensamentos bonitos

e o espelho quebrou pela surdez do grito primal

pela criação do universo, inverso, verso, sou deus

pela matemática estatística de uma evolução molecular

e pelo último eco gritante de uma estrela que se faz negra

e a constituinte precisa ser reformada

constituinte dos desejos do povo

e a bíblia esquecida, reescrita, como poesia que é

meu deus! desculpa... foi falha da produção!!!

será que a sujeira vai se confundir com os homens?

será que esse cheiro de enxofre, das fábricas, vai se perpetuar?

poluindo nossas reentrâncias e furos com o néctar da morte...

e o anjo do bem a engravidar as marias

e uma que não engravidou pois já conhecia o disfarce do anjo...

e que em pouco tempo, espero, tudo faça naquela cidade...

o povo cada vez mais unido, apesar de muitos porras-loucas

e tantos outros porras-loucas que talvez façam melhor

é a poesia da terra do planeta chamado brazil

que Impedirá Bestas Mentecaptos

destruírem nossas reservas informáticas

deixem eu transar a poesia e o computador

fumar um cachimbo-da-paz na cama dos índios

revelar fotos de um raio de sol no alto das montanhas

passar uma noite com uma índia mexicana e ser seu feiticeiro...

deixar meu grito mudo nas faces sólidas das estátuas

e sentir o gosto da fama na ponta de minha língua...

foi um sonho que na realidade se faz mudanças

a novidade inerente de um individual para um coletivo

o amor, a paz, a revolução

Carlinhos Pink
Enviado por Carlinhos Pink em 04/12/2005
Código do texto: T80877