Onde chegaremos com a polícia, milícia, tiriça ?
Vaidade descontrolada
Emotividade na ação
Estupidez , brutalidade
de mãos dadas com a pusilanimidade
Olha o oprimido com o fuzil,
Cassetete, cacete
transformado em opressor
bate, estapeia, atira,
joga da ponte, mata inocente
e o desconexo mestre,
sem cerimônia
com a política assombradora
esbraveja, vocifera, segrega, mente
Amo do poder na carona conservadora
Racismo, sadismo
É dono da Pele alva
Que mira na pele alvo
Do pobre, preto, pardo
de ontem da senzala,
da cozinha da casa grande
do engenho, do cafezal
do curral
Hoje na viela, favela
encima da motocicleta, na bicicleta
carregando a comida quente,
enquanto a fome aperta
dentro do APP horas a fio,
entorpecido pela fadiga
dentro do ônibus, metrô, no alto do andaime
no fundo da roça, da grota
quando tem seu posto de trabalho
quando não na marquise, calçada, na lona, no papelão
gente que só vê o chute na porta
murro no pé do ouvido
quando não o joelho no pescoço
estalido da bala
que o cala para sempre
Todos são vítimas e vitimados
Da incoerência, da necropolítica nefasta
Da educação faltosa, da cultura distante
da renda de poucos
e da miséria de muitos