O Peso do Dia
O sol nasce, mas não brilha,
bate na pele, que já não sente.
O corpo, engrenagem moída,
gira no tempo, segue em frente.
Mãos calejadas, suor que escorre,
olhos vazios de tanto esperar.
Trabalho é vida ou sorte que morre
no chão sujo de um velho lugar?
Rostos sem nome, passos pesados,
gente que é peça, nunca pessoa.
Engrenagens de um sonho quebrado,
onde o patrão manda e a vida ecoa.
Quem vê o cansaço em sua fronte?
Quem ouve a dor sem gritar?
Num país que empilha tijolos,
mas não constrói lugar pra sonhar.