Olhar de Paula

Dançou como bailarina,

Rodopiou a sorte pela sala,

Apostou as últimas pedras,

Saiu desalmada a amada.

Foi pela rua aventurar,

Adolescer nas fronteiras da vida,

Acordar seus sonhos sem vida,

Pelas estradas encontrar guarida.

Voou para o sul, o sul tem artistas,

Tem trabalho e equilibristas,

Foi sozinha a carregar sua sina,

Sair da miséria, da cachaça e da família,

Família pobre e mal resolvida.

A bebida do seu pai que a embriagava,

Lá se foi Paula com suas utopias

Buscar um mundo de completa fantasia.

O olhar de Paula é rápido e certeiro.

Pisa nas latas e coloca no saco.

Vende papelão catado no lixão ,

Dorme nas pontes embriagada pela lua

E em fevereiro a passarela é toda sua.