Que os mares a devore hoje, sem demora
Nesta noite de assombro e demência
Que as ondas à levem à amiga Lenora 
Grasne o bicho... Silencie já a inocência.

Conquanto que na vida nada fez por lograr
A dura sina à qual sem piedade foi entregue
Vociferam as ondas, ouço-as no Miramar...
A morte grita teu nome: Anna, não a renegue!

Entrega sem demora tua alma bela e pura
Adentra pelas profundezas das águas bravias
És infeliz querida. O inexistir lhe trará a cura!

E caso os pescadores encontrem teu corpo
Quando o sol brilhar sobre tua face pálida
Um corvo plainará sobre eles, belo e louco!

Anna Corvo
(Heterônimo de Elisa Salles) 
Imagem: Pinterest 
Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 14/01/2018
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