SOU DA ESCURIDÃO

Trevas enevoam o brilho dos túmulos marmorizados
Lágrimas ressequidas cristalizam nas ruas da face
O ambiente lúgrebe tinha seus sussurros emudecidos
Não havia clima de tensão só a dor aguda do desenlace

Antes as festas góticas no final reduto
Eram divertidas com as vestes negras estilosas
Com os semblantes empalidecidos com ar de luto
As músicas profundas e as poesias chorosas
E as lápides de simples cimento bruto

Aquele conjunto genial em mim já não fazia efeito
A paixão fria que me causava tanto sofrimento
Ganhou tons pastéis com um amor meio sem jeito
Mexia com a minha libido era um novo sentimento

Eu não sou a pessoa que ele precisa
Muito doce para alguém densa como eu
Melhor encerrar essa história que a noite avisa
Que ele sofra agora, não imagina onde se meteu

Sou da escuridão das tempestades
Meu coração prefere a dor
Sempre exposta ao sacrifício, sem vontades
Não nasci para um terno amor
Minhas lágrimas são ácidas, sem saudades

Com voz gutural o expulsarei de minha lenda
Sem me importar com sua garganta muda, embargada
Melhor que de mim sinta ódio, tire a venda
Assim ficará livre a minha parda estrada

 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 15/04/2018
Reeditado em 16/04/2018
Código do texto: T6309387
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