Carta de Renúncia

Hoje renuncio à posse de meu coração

Esse músculo gosmento escarlate de nada me serve mais

Nunca serviu

Se sente apertado dentro de mim

Sufocado pelos meus ossos, pelo meu corpo

Se sente destruído pelos golpes desferidos nele.

Hoje renuncio aos primeiros socorros

Me desfaço das agulhas e ataduras

Os ossos quebrados, continuarão tortos

Os cortes abertos, continuarão sangrando

De nada me servem curas temporárias

Venenos homeopáticos.

Hoje renuncio à vida

Esse ato inconsequente que nos é imposto

Meus pulmões não exigem mais oxigênio

Minhas pernas não clamam pelo movimento

No meu cérebro há apenas escuridão

Ao meu redor, apenas breu.

Nymeria
Enviado por Nymeria em 25/04/2018
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