VI. A Morte - Ethos de uma Alma Invertida

Doente desta vida miserável,

Busquei solução na placidez

Da sempre silenciosa Morte.

No entanto, a Foice me rejeitou

E, compadecida que só, regalou-me

Com mais tempo de vida e disse:

“Ainda não é tempo de deitar-se

No leito imaculado onde repouso.

Viva por inteiro, sem pudor , nem receio!”

Meu corpo acordou revigorado.

Vi o deus e o diabo ao meu lado...

Num acesso de fúria, disse ao

Deus que fosse para o inferno

E ao diabo que, como felpudo

Cordeiro, era terno.

Aspirei o perfume da Rosa,

O Cravo mastiguei e no

Branco Lírio me deleitei.

Minha amiga Morte

Ainda não veio me buscar

E, quando vier, dela serei um

Desgostoso par pois, após a

Morte, é que aprendi a me amar.