Dor e medo

Numa simplicidade angélica

Deixo morrer em meu peito

Toda a glória das lágrimas

Que, cálidas, se congelam no

Fundo de meu peito, afogado

Na dor insone de sentir alegria,

Aliviado pelo doce medo

De manter-me acordada nessas

Horas de insanos sonhos divinos.

Deixo correr nas veias a dor,

Como o veneno a me manter

Desperta, pra explodir em meus

Nervos o medo, doce prazer,

De me ver levitando no calor

Dos instantes velados, dormentes,

De medonha luxúria a me induzir

À plenitude de viver e amar.

Angelicamente dominada e presa

Numa corrente de dor e medo,

Sinto no ventre, infértil, a explosão

Selvagem da vida a nascer, sorrindo,

Com suas doridas lágrimas de alegria

A me abençoar sombriamente

Pelo abraço da eternidade.

Karen Samira Yagami
Enviado por Karen Samira Yagami em 17/03/2019
Código do texto: T6600189
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