O Chamado
I
O vento frio do Norte
Sussurra com voz amargurada
Esperando que um dia eu volte
Para os braços sutis da minha amada
Eu que já não sei o que sentir
Escutei tão lamentoso sussurro
Sem duvidar ou me ferir
Fiquei calado no escuro
E pela janela o vento frio entrava
Esfriando o ambiente sombrio
Encolhido com alma amargurada
Senti que pelo meu corpo percorreu um arrepio
Era a voz dela carregada pelo vento
Que buscava encontrar meu coração
Eu assustado naquele momento
Busquei pelo abrigo da razão
Era o vento frio do Norte e nada mais
Era um sussurrar do ar entre as cortinas
Eu sei que meu amor partiu e não volta mais
Então por que esse terror em minhas retinas?
II
Eis que fiquei apavorado e sem saber
Encolhido no escuro do quarto eu chorava
O vento cruel ainda forte sussurrava
Tudo aquilo que um dia eu quis esquecer
Oh vento cruel do Norte me deixe em paz!
Meu amor partiu para sempre
E não pense que assim de repente
Ela poderá voltar, isso jamais!
Mas o vento continuava seu sussurro
E eu ia ficando cada vez mais temeroso
As lembranças de um amor louco e perigoso
Explodiram em mil faíscas no escuro
Eu ali, banhado em prantos
Deixei a triste melodia do vento me levar
Pois sofrer por amor é como deixar o tempo parar
E por tudo isso e nada mais, tristemente entoei meus cantos
III
Estranhamente o vento parou de soprar
E o silêncio pairou sobre meu quarto escuro
Novamente dormi e comecei a sonhar
Com um amor que viria no futuro
E o sonho me deixou agitado
O mesmo rosto e a mesma voz eu escutava
Assim perdido em sonhos e desolado
Abracei aquela que sempre abraçava
E nesses abraços um beijo foi dado
As mãos se encontrarão e o tempo parou
Ficamos ali lado a lado
E novamente nossa alma se enamorou
Assustando acordei em sobressalto
O vento frio do Norte voltou a soprar
O quarto estava escuro e solitário
E eu sabia que meu amor não iria voltar