Requiem aeternam

Tudo é silêncio

Uma rotina muda

Não ouso falar

Seria insuportável

Triste demais

Ouvir meus ecos

Minha voz solitária

Noite quente e ordinária

Breu que me sufoca

A escuridão me envolve

O silêncio me fustiga

Sua ausência me abriga

Me abriga na solidão

Meu velho e fraco coração

Precisa descansar

Precisa parar mortalmente

Já que viver é indiferente

Tenho na Morte uma amiga

Docemente me afaga

Desfazendo a dura fadiga

Curando enorme chaga

Há quem diga que é a hora

É o momento mais necessário

Constar ou não em um obituário

É pura formalidade

E de verdade, não temo

Não tenho mais o medo comum

Morto serei apenas mais um

Vivo já não sou nada

Vejo a Morte, vejo...

Com mãos estendidas

Prometendo o fim da loucura

Seu toque curando minhas feridas

Me acolhe, me acalma

Tranquiliza meu coração

Cala meus lábios

Rouba-me o calor

Sussurra-me uma melodia

Indicando o fim dos meus dias

Fortemente me abraça

E não disfarça a piedade

Já com o coração quase parando

Nos braços da Morte delirando

Dou meu último suspiro

Assim dessa vida me retiro

Mergulhando sem constrangimento

No vazio, no desprendimento...

Ouvindo Why - Annie Lennox

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 25/09/2019
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