Requiem aeternam
Tudo é silêncio
Uma rotina muda
Não ouso falar
Seria insuportável
Triste demais
Ouvir meus ecos
Minha voz solitária
Noite quente e ordinária
Breu que me sufoca
A escuridão me envolve
O silêncio me fustiga
Sua ausência me abriga
Me abriga na solidão
Meu velho e fraco coração
Precisa descansar
Precisa parar mortalmente
Já que viver é indiferente
Tenho na Morte uma amiga
Docemente me afaga
Desfazendo a dura fadiga
Curando enorme chaga
Há quem diga que é a hora
É o momento mais necessário
Constar ou não em um obituário
É pura formalidade
E de verdade, não temo
Não tenho mais o medo comum
Morto serei apenas mais um
Vivo já não sou nada
Vejo a Morte, vejo...
Com mãos estendidas
Prometendo o fim da loucura
Seu toque curando minhas feridas
Me acolhe, me acalma
Tranquiliza meu coração
Cala meus lábios
Rouba-me o calor
Sussurra-me uma melodia
Indicando o fim dos meus dias
Fortemente me abraça
E não disfarça a piedade
Já com o coração quase parando
Nos braços da Morte delirando
Dou meu último suspiro
Assim dessa vida me retiro
Mergulhando sem constrangimento
No vazio, no desprendimento...
Ouvindo Why - Annie Lennox