Seu adeus

Eu vi sua entrega na tarde fria

Partiu solitária e em eterna agonia

Nenhuma viva alma lhe sorria

Partiu e já passava de meio dia

O tempo talvez não tivesse importância

O relógio marcava números exatos

Sua partida foi uma luta contra a infância

Pois seus anos formaram quadros abstratos

E quem sua vida acompanhou

Pouco pode entender os seus atos

Com intensidade sempre contemplou

O pecado da exatidão dos fatos

Entedia que viver era uma ciência louca

Os dias, anos ou décadas pouco importava

Mas uma grande verdade lhe escapou da boca

Viver cada dia era o que mais te encantava

E eu vi sua partida com solidão

Afastado da agitação do funeral

Apertado estava meu louco coração

O ir e vir de pessoas era surreal

Após a cerimônia o silêncio chegou

Me aproximei de sua lápide solitária

Um epitáfio curto a vida deixou

Sua morte se fez vida imaginária

Pois ainda vive em minhas lembranças

Será sempre o sinônimo da rebeldia

Já que a última que morre é a esperança

Tanto faz que fosse mais que meio dia

E levou com você tudo que mais amava

Levou alegria, tristeza, razão e loucura

E no coração de quem vivo ficava

Deixou na lembrança sua doçura

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 07/07/2020
Reeditado em 08/07/2020
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