Gotas de chuvas

Em meu espelho, o espanto é pequeno. Em meus olhos, o passado se alto descreve em palavras confusas, mas fiéis.

A cada segundo que seguro o olhar, o espelho me tortura com o reflexo de minha alma em carne viva.

Doloso espelho, sem moldura e fundo, se modela em minhas mãos escorregadias, em meio à chuva que cai em pequenas gotas tristes e melancólicas.

Em choro sem semblante, meus olhos derramam sem explicações ou respostas sinceras.

A Criméia de meus pensamentos voa em círculos no distante céu escuro e molhado.

Em pé, me sinto na vastidão de desejos e mentiras.

Puro sentimento. Pura alma.

Entre meus dedos, sinto passar meu coração — tolo e nulo — coração apaixonado pelo encanto das chuvas de novembro.

Na fria chuva de novembro, ele morre.

Em velas brancas, é velado; flores brancas que enamoram a noite destemida e inquieta.

Não quero mais lembrar dela.

Espelho, quebra-te em pequenos cacos.

Em algum caco, terei seu coração junto ao meu.

Gotas de chuva. Gotas... chuva... escorregadia...

Chuva... em gotas.

Edorado
Enviado por Edorado em 24/05/2025
Código do texto: T8340286
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.