Gotas de chuvas
Em meu espelho, o espanto é pequeno. Em meus olhos, o passado se alto descreve em palavras confusas, mas fiéis.
A cada segundo que seguro o olhar, o espelho me tortura com o reflexo de minha alma em carne viva.
Doloso espelho, sem moldura e fundo, se modela em minhas mãos escorregadias, em meio à chuva que cai em pequenas gotas tristes e melancólicas.
Em choro sem semblante, meus olhos derramam sem explicações ou respostas sinceras.
A Criméia de meus pensamentos voa em círculos no distante céu escuro e molhado.
Em pé, me sinto na vastidão de desejos e mentiras.
Puro sentimento. Pura alma.
Entre meus dedos, sinto passar meu coração — tolo e nulo — coração apaixonado pelo encanto das chuvas de novembro.
Na fria chuva de novembro, ele morre.
Em velas brancas, é velado; flores brancas que enamoram a noite destemida e inquieta.
Não quero mais lembrar dela.
Espelho, quebra-te em pequenos cacos.
Em algum caco, terei seu coração junto ao meu.
Gotas de chuva. Gotas... chuva... escorregadia...
Chuva... em gotas.