LIBERTAS

Eles vivem à margem do saber.

Não conhecem,

não sabem,

por certo sequer imaginam.

Ali bem perto,

escritores da terra reunidos,

imortalizados em bronze,

posam para a posteridade.

Eles, deitados lado a lado,

em plena tarde,

se acomodam para dormir.

Um céu de letras os protege.

Pensamentos, sentimentos,

palavras escritas através dos tempos,

faladas por mil bocas.

Eles, não conhecem.

Este chão de lutas recebe seus passos.

Descalços, errantes, incertos.

Eles, não sabem.

E a bandeira tremula ao longe.

Branca e rubra, sangue e paz.

Libertadora, de ontem para sempre.

Mas eles, por certo, sequer imaginam.

Assim, um grupo maltrapilho,

tão filho desta terra quanto tantos outros,

adormece sob a Biblioteca,

em plena praça da Liberdade.

E sonham...

talvez com ela.

(dedicado aos sem-tudo de Belo Horizonte)

Maria Luiza Falcão
Enviado por Maria Luiza Falcão em 07/05/2006
Código do texto: T152101