Traíras
O apetite insano da ambição dos traíras,
Em golfadas torrenciais, reinaugura o luto,
A fome e o seu indigesto fruto, acorda a ira
Relampejando a espada da vingança,
De um povo que só tem feridas por herança.
As lágrimas que vêm das dores do espírito,
Escorrem em silêncio, represando o seu grito.
Muitos nem fazem idéia da sanha dos criminosos
Tecendo auroras impossíveis com espíritos andrajosos,
A justiça gargalha e faz mesuras com os poderosos,
Entre as folhas mortas de primaveras sepultadas.
Esses malditos para quem a fome do povo não é nada.
Ao redor de mim, ouço desespero e soluços de derrota.
A indignação põe meu sangue em chamas desde a aorta,
Se alastrando implacável como uma metástese, essa revolta
Para refazer os caminhos sinuosos de onde a aurora brota.
Sabendo que o ódio é uma cegueira que a ninguém conforta.
Barthes.